MATO AD ENTRO – 5
NÃO ADIANTA SEGURAR E SEGUIR O PRÓPRIO RABO...
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O governo é muito bom!
Ajuda os favelados,
os pobres pelados
e os oprimidos do nordeste.
Faz das nossas belas cidades
cenas de filmes de faroeste.
Padres pecam
podres pecados.
Cordas penduradas postes iluminados,
Vida triste e amargurada,
corpos dilacerados
agonizantes
cambaleantes
desesperados.
Uma ponta daquela corda
presa no
p i c o
d o
j a r a g u á
e
a o u t r a p on t a,
no rabo
de um marajá!
Enquanto isso assistimos
filmes, as folhas caem,
balançam-se em redes imaginárias,
e nós,
boquiabertos,
adormecidos
dentro da cidade:
_mudos!
Não compreendemos nada sobre o mundo!
Como uma flor enclausurada
presa numa gaiola
trocada por um pássaro
raro e caro.
Não há amantes andando no deserto,
a noite está muito fria...
Fria noite em que
todos dormem
enquanto bebo
e caio pelas calçadas e ruelas da Barra Funda.
Sento-me, sozinho,
refletindo sobre as estrelas cadentes que invento no firmamento.
O asfalto está gelado,
olho pra flor na minha lapela
(aquela mesma que ainda continua comigo estrada afora).
Adormeço!
Dorme o poeta
com o copo sombrio na mão,
adormece o poeta
abraçando sua solidão.
Somente o poeta
sabe a profundidade do seu enigma...
_das madrugadas e mulheres, estigma,
nada se sabe.
Na manhã seguinte é que notei
o rouxinol
morto dentro da gaiola,
ao lado da flor ( agora murcha e despetalada).
A cidade ainda estava cinza
banhada de uma aura azul turquesa.
A cidade ainda cheirava
seu cheiro de espanto,
e o perfume exalado dos deuses,
_ a sua maior riqueza!
Enquanto houver esperança
haverá no mundo
aquele
começar de novo.
Há a ver
há a verá
almas no mundo
desde o princípio
do nada
Há a ver
haverá
começar
almas expandindo e esclarecendo sonhos.
Poderemos morrer primeiro... e nascer depois:
justos e perfeitos?
AVIENLYW
25/10/1983
WILDON LOPES
Enviado por WILDON LOPES em 18/06/2006
Alterado em 27/11/2009