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A Poesia simples como o tempo emociona o entorno da Alma colorindo o Universo
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MATO AD ENTRO - 1


HOMENAGEM A TODOS OS AMIGOS QUE ESTUDARAM NAS "FACULDADES OSWALDO CRUZ"
... nos tempos da Ditadura Militar!


Cheiro de povo,
cheiro o povo,
cheio & polvo,
cheiro de novo.

Flor enclausurada
sob uma cidade
c a l a d a !

Fria noite e dormeço
na cidade, a mirar estrêlas de concreto
ARMADO,
AMADO,
ARRUINADO.

Sua virgindade (a da cidade) rompeu-se
com a vinda do nosso Cristo Salvador:
Volkswagen do Brasil Ltda.

Séculos se passaram,
materiais reinventaram-se,
idas & vindas,
profissional e progressivamente,
pálidos.
Progresso que te suja e te corrompe
Progresso sujo que te interrompe...
e

G
O
T
E
j
A
M
sobre teus olhos,
lágrimas choradas, povo sofrido,
lama de mijo meticuloso e escuro
chama de olhares charmosos
e o espaço que assombrou-se em nós:
lamacento e cinza!

E o gás lacrimogêneo continua derramando sobre as cabeças do povo que se revolta,
dispersam-se estudantes de esquina em esquina.
Nas esquinas...nas esquinas...
moços e moças choram
por leite derramado,
por tetas inválidas,
futuras e mortas meninas,
por seu povo amado:
_essa é a vossa sina.

Cada árvore dilacerada em nossas florestas
sufoca meu peito,
viram luzes que iluminam templos,
roubam-me o ar que respiro,
e só!
Morro sob os espectros brilhantes do universo que espia...

O governo espúrio,
tira-me
a sombra e a liberdade.
Meu corpo relincha em chagas
não repousa, não há horas vagas.
Das folhas que caem espalham-se clorofilas,
permaneço nas filas
e pago caro para receber o ar que necessito
respirar!
Não! Não! Não!

Não posso morrer aflito,
Ser um futuro morto,
caído, moído,inválido, calado!

Na Amazônia uma árvore foi tombada... arrancada... roubada...
caule, folha, tronco!

(deixaram rastros de plásticos no chão,
quem sabe o lixeiro pega amanhã.)


AVIENLYW
22/10/1983


WILDON LOPES
Enviado por WILDON LOPES em 18/06/2006
Alterado em 27/11/2009
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