PORQUE NÃO ALCANÇO AS ESTRÊLAS?
Viajo em busca de mim mesmo,
rumo às estrelas iluminadas do céu de verão,
vou sempre seguindo o meu destino
vou sempre velejando, menino,
feito cachorro, latindo,
tecendo com cuidado a rota
da minha alma.
***
Meu desejo é latente!
Sou empurrado pelos ventos noturnos,
e caminho
desenhando a rota dos rios e das veias
que jorram pelo meu corpo
feito um rio de sereias;
sonho com o ritmo das marés cheias
e se rei do mar eu fosse
teria em meu seio todos os amores
e os seus amantes.
Desvendaria a plenitude do mundo,
numa paixão amada e perdida,
como a aranha que domina suas teias...
***
Escreveria então
o poema das sereias
num mundo molhado e deslumbrante
resguardado pelas surpresas;
poetando sozinho
em pleno oceano,
um animal marinho,
feito o pintor que coagula o sangue em telas
e os corais quase querendo mudar
o azul-marinho;
vou levando o vôo imortal
rumo às estrêlas.
Eu,
minha poesia,
meus sonhos
e os versos no calado do veleiro,
delineando as fronteiras
de uma cidade submersa,
esticando as lanças
e apontando, certeiro,
para o fundo do teu coração.
15/12/2001