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A Poesia simples como o tempo emociona o entorno da Alma colorindo o Universo
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ORVALHO DA NOITE


A chuva
derrama-se na vidraça do meu quarto
e eu,
observo, imóvel,
gotas que escorrem entre outras maiores
que,
obstinadas e teimosas,
param entrevadas como se falassem
entre si
cantarolas de um breve futuro incerto.

Entre as gotas da vidraça
úmidas ou molhadas
conforto-me em pensamentos.
A volúpia domina minhas entranhas
e na penumbra do orvalho e dos respingos,
uma força estranha me penetra pelos olhos.

Vejo sua imagem estampada no orvalho da noite...
Você caminha suavemente entre as gotículas,
musa perfilada nas partículas,
como roseira florida
quase oferecendo guarida
aos incansáveis poetas da noite.

E de repente,
como que por encanto,
eu me vi escorrendo junto às gotas da vidraça...
eu, acorrentado aos seus caprichos
em meio aos trigos de um campo florido da primavera parisiense.
E assim aproveitando os momentos de admiração
eu suspirava ao passear pelo seu corpo
úmido;
e eis que o orvalho dos meus sonhos
e a minha embriaguez tardia,
saciava-me... e acariciava seus pêlos
arrepiados,
seu corpo ainda meio gelado.
Pêlos que iam e vinham
feito uma imagem secreta,
segredos de um casal apaixonado,
e, ainda emocionados,
ocultavam-se por entre os escorridos das gotas da chuva fria que já estiava
longínqua, no céu.

Tudo o que eu queria era sair correndo do quarto,
beijar seu rosto lindo,
e fazer amor contigo
ainda imóvel,
permeando aquelas sombras da noite,
antes que o restinho que caia de chuva
parasse completamente.

Uma angústia sufocante me dominou
e o medo me apossou.
Minhas pernas tremiam:
_ o sonho acabou!
E o medo da morte, neste momento, chegou.

Enfim, levantei-me
e devagarzinho caminhei
em direção àquela vidraça...
O versos que me apertavam o peito, declamei:
supliquei àquelas gotas maiores
que deixassem de pirraça,
e caíssem fora da minha vidraça.
E,
feito o bêbado quando engole o seu último gole de cachaça,
apertei o seu pescoço
e limpei minha culpa até o fundo do poço
apaguei os meus erros de homem e moço,
e assim, fui secando aquela janela
com sangue, carne e osso,
até não haver mais imagem em minha história
até que todos os seus rastros fossem embora,
e, finalmente, apagados da minha memória...

AQUELA CHUVA AMARGOU MEU SORRISO
E LAVOU OS MEUS SONHOS
COM SUAS GÔTAS NOTURNAS SINISTRAS...


Wildon lopes
19/08/2006
WILDON LOPES
Enviado por WILDON LOPES em 19/08/2006
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